L'État C'est Moi e Eu Vou Oferecer Dinheiro a Um Banco

John Kenneth Galbraith escreveu em 1996 num livro chamado "The Good Society" isto:

"Uma questão definidora entre estes dois grupos (ricos e pobres) é o papel do Governo (Estado). Para os Pobres o Estado pode ser central para o seu bem estar e para alguns até sobrevivência. Para os ricos e confortáveis o Estado é um fardo, excepto quando, como no caso das despesas com a guerra ou socorro de instituições financeiras falidas, serve o seu interesse particular. Então, cessa de ser um fardo e torna-se um bem social como certamente não o é quando o Estado serve os pobres."

Onde é que eu já vi isto? Terá sido aqui? Ou aqui? Se calhar foi aqui!

Passei os últimos anos a ouvir falar do quão desnecessário era a intervenção do Estado na banca portuguesa. Hoje, pelos vistos, esta não só é necessária como é saudável... desde que o dito Estado passe o dinheiro salvador para os bancos. Costumo pensar que o problema da nossa democracia é não percebermos que o Estado somos nós, sem devaneios de rei-sol claro: somente a questão da Res-Pública (a dita coisa pública, de todos).
Agora, no mesmo parlamento onde se ouvia falar da privatização da C.G.D. , o Governo aprova um aumento de capital de mil milhões de euros (espera este quero escrever com algarismos - €1.000.000.000! - 9 zeros! Dez elevado à nona potência) com o argumento de que este banco e o facto de ser estatal é fulcral para a estabilidade financeira da economia portuguesa...

Portanto agora, caros, é começar a oferecer dinheiro aos pobres dos bancos portugueses que, coitados, no primeiro semestre de 2008 só lucraram €1.000.000.000 - Mil Milhões de Euros - (onde é que já vi este número hoje?) com um módico lucro de €6.000.000 por, espantem-se, dia!
Por isso mesmo e porque sou um homem de compaixão, amanhã, quando passar em frente a um banco vou deixar alguns trocos que tenha nos bolsos à porta.

O resto que dê o Estado! Porra, já me esquecia L'État C'est Moi!